Ansiedade: entre o alerta necessário e o sofrimento evitável


Vivemos em uma sociedade acelerada, conectada 24 horas e marcada por inúmeras exigências pessoais e profissionais. Nesse contexto, a ansiedade tornou-se um dos temas mais discutidos na saúde mental contemporânea.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2023), o Brasil é um dos países com maior prevalência de transtornos de ansiedade no mundo. Esse dado, por si só, mostra a relevância do tema e a urgência em compreendê-lo com mais profundidade.
O que é ansiedade?
De forma geral, a ansiedade é uma resposta natural do organismo diante de situações de perigo ou desafio.
Sentir ansiedade antes de uma entrevista de emprego, por exemplo, é esperado e até adaptativo, pois mantém o corpo em alerta.
No entanto, quando essa resposta é exagerada, persistente ou desproporcional à situação, pode se transformar em sofrimento psíquico e comprometer a vida pessoal, social e profissional.
Tipos mais comuns de transtornos ansiosos
A literatura (APA, 2022) descreve diferentes manifestações:
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): preocupação constante e excessiva.
Transtorno do Pânico: crises súbitas de medo intenso, acompanhadas de sintomas físicos.
Fobias específicas e fobia social: medos desproporcionais que limitam a vida cotidiana.
Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): relacionados a pensamentos intrusivos, compulsões ou experiências traumáticas.
Como a ansiedade se manifesta no corpo e na mente
Taquicardia, sudorese e tremores.
Dificuldades de concentração e memória.
Pensamentos catastróficos e sensação de ameaça constante.
Alterações no sono e no apetite.
Esses sintomas, quando persistentes, não são apenas desconfortos: interferem diretamente na qualidade de vida.
Exemplos práticos
Imagine uma pessoa que perde noites de sono porque não consegue “desligar” seus pensamentos sobre trabalho. Ou alguém que deixa de aceitar convites sociais por medo de julgamento. Essas situações parecem comuns, mas escondem sofrimento profundo e podem indicar um transtorno ansioso.
Tratamento e caminhos possíveis
A boa notícia é que a ansiedade tem tratamento eficaz. A psicoterapia é uma das principais formas de cuidado, pois ajuda a identificar padrões de pensamento, desenvolver estratégias de enfrentamento e ressignificar experiências.
Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicação prescrita por um psiquiatra, especialmente em quadros mais graves.
Além disso, práticas de autocuidado, como sono adequado, atividade física regular e técnicas de respiração, podem auxiliar no manejo diário dos sintomas.
Reflexão final
A ansiedade não precisa ser uma prisão. Quando reconhecida e tratada, pode se transformar em um sinal de autoconhecimento e mudança. O importante é compreender que pedir ajuda não é fraqueza, mas sim um ato de coragem e cuidado consigo mesmo.
Referências
APA – American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-5-TR. Washington, 2022.
Organização Mundial da Saúde (OMS). Relatório sobre Saúde Mental, 2023.
Sobre a autora
Adriana França Cesarina é psicóloga clínica desde 2012. Atua com Teoria dos Esquemas, é especialista em Psicologia & Parentalidade, Psicologia & Violência Doméstica, coautora de livro sobre Transtorno de Personalidade Borderline. Atende adultos, casais e famílias em português e espanhol, no Brasil e no exterior.
