Como Construir Relações Saudáveis e Prevenir a Violência

Nos últimos anos, falar sobre violência doméstica deixou de ser tabu para se tornar uma urgência social. Mas, para além de identificar relações abusivas, precisamos também fortalecer o conhecimento sobre o que é um relacionamento saudável. E é nesse caminho que a Roda da Equidade se apresenta como uma ferramenta valiosa.

O que é a Roda da Equidade?

Criada como contraponto à conhecida “Roda do Poder e Controle” (Power and Control Wheel), a Roda da Equidade apresenta os pilares que sustentam uma relação respeitosa, justa e segura. Ela foi desenvolvida pelo Domestic Abuse Intervention Project, em Duluth (EUA), com base na escuta ativa de mulheres que vivenciaram relacionamentos abusivos.

Ao invés de mostrar o ciclo da violência, ela nos ensina o que deve estar presente em um vínculo afetivo saudável:

  • Negociação e justiça

  • Responsabilidade parental compartilhada

  • Respeito mútuo

  • Confiança e apoio

  • Comunicação honesta

  • Responsabilidade pessoal

  • Compartilhamento de tarefas

  • Parceria e tomada de decisões em conjunto

Esses princípios não são ideais inalcançáveis: são práticas possíveis e fundamentais para a construção de vínculos saudáveis.

Por que falar sobre equidade nos relacionamentos?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência contra a mulher é uma das maiores violações dos direitos humanos, com implicações graves para a saúde física e mental. Estar em um relacionamento abusivo pode levar ao desenvolvimento de quadros de ansiedade, depressão, baixa autoestima, transtorno de estresse pós-traumático, entre outros.

Promover vínculos baseados em equidade é também prevenir a violência doméstica. A equidade garante que as diferenças sejam respeitadas, que o poder não seja usado para oprimir e que cada pessoa se sinta segura e valorizada dentro da relação.

Como aplicar a Roda da Equidade na vida?

Algumas perguntas que ajudam na autorreflexão sobre a qualidade de um vínculo:

  • Me sinto livre para expressar minha opinião sem medo?

  • Há diálogo nas decisões importantes?

  • Meus limites são respeitados, mesmo quando há discordância?

  • Existe apoio mútuo nas responsabilidades emocionais, domésticas e familiares?

  • Me sinto valorizado(a), reconhecido(a) e ouvido(a)?

Se as respostas forem majoritariamente negativas, isso pode indicar sinais de desequilíbrio ou mesmo

de abuso emocional.

Dicas de leitura para compreender relações abusivas e fortalecer vínculos saudáveis

Sobre violência doméstica:

  • Sobrevivi... posso contarMaria da Penha Maia Fernandes

    O relato impactante da autora sobre sua história de violência e luta por justiça.

  • Libertando-se de Relações DestrutivasPatricia Evans

    Um guia direto para identificar, entender e sair de relações emocionalmente abusivas.

  • Por que Ele Faz Isso?Lundy Bancroft

    Leitura fundamental para entender a lógica de homens abusivos e manipulação psicológica.

  • Amor ZeroIñaki Piñuel

    Uma abordagem clara e contundente sobre o abuso narcisista em relações íntimas.

  • O Corpo Guarda as MarcasBessel van der Kolk

    Como traumas, incluindo os de relações abusivas, se armazenam no corpo e influenciam nossa saúde mental.

Sobre dependência emocional e reconstrução:

  • Mulheres que Amam DemaisRobin Norwood

    Um clássico sobre padrões de codependência e como romper com vínculos destrutivos.

  • Relacionamentos Abusivos – Como identificar e se libertarAna Beatriz Barbosa Silva

    Leitura acessível e sensível sobre o ciclo da violência psicológica.

Para quem quer ajudar ou compreender melhor:

  • A Síndrome de Estocolmo DomésticaJosé Luiz Tejon e Lúcia Helena M. T. Tejon

    Um olhar sobre o sofrimento silencioso e a ambivalência emocional vivida por quem está em relações abusivas.

  • Lei Maria da Penha comentadaSilvia Chakian et al.

    Uma obra técnica, mas acessível, para profissionais e interessados no enfrentamento da violência de gênero.

Conclusão

A Roda da Equidade é uma proposta prática e simbólica: ela nos lembra que o amor saudável é feito de escuta, partilha e respeito. Que relações afetivas não devem ser espaços de medo ou sofrimento, mas de crescimento mútuo.

Falar sobre violência doméstica também é ensinar o que é cuidado verdadeiro.

Que você se aproxime cada vez mais de relações seguras — e, se for o caso, saiba que sempre é possível recomeçar.