Depressão: Compreendendo, acolhendo e buscando caminhos de superação

A depressão é um transtorno mental comum, mas frequentemente mal compreendido. Muito além da “tristeza passageira”, ela envolve alterações profundas no humor, na energia e na forma como a pessoa vê a vida e a si mesma.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 280 milhões de pessoas no mundo vivem com depressão — e o Brasil está entre os países com maiores índices. Reconhecer os sinais e buscar apoio é um passo fundamental para a recuperação.

O que é depressão?

A depressão é um transtorno de humor caracterizado por tristeza persistente, perda de interesse nas atividades do dia a dia e sensação de vazio ou desesperança.

Esses sintomas precisam estar presentes por pelo menos duas semanas e interferir significativamente na rotina da pessoa para que o diagnóstico possa ser considerado.

Sintomas comuns da depressão

  • Tristeza profunda ou sensação de vazio

  • Falta de energia e cansaço constante

  • Dificuldade de concentração e memória

  • Alterações no sono (insônia ou sono excessivo)

  • Perda ou aumento do apetite

  • Sentimentos de culpa ou inutilidade

  • Pensamentos de morte ou suicídio

Importante: Os sintomas podem variar em intensidade e frequência. Buscar avaliação profissional é essencial para o diagnóstico correto.

Possíveis causas da depressão

A depressão é multifatorial — ou seja, surge da combinação de diferentes fatores:

  • Genética e predisposição biológica

  • Desequilíbrios neuroquímicos no cérebro

  • Experiências traumáticas ou perdas significativas

  • Estresse crônico e sobrecarga emocional

  • Isolamento social e falta de suporte afetivo

A Teoria dos Esquemas e a depressão

A Teoria dos Esquemas, desenvolvida por Jeffrey Young, ajuda a compreender como padrões emocionais e cognitivos disfuncionais (esquemas desadaptativos precoces), formados na infância e adolescência, podem aumentar a vulnerabilidade à depressão.

Alguns esquemas frequentemente presentes em quadros depressivos:

  • Abandono – medo constante de ser deixado, levando a sentimentos de solidão e desespero.

  • Defectividade/Vergonha – sensação de ser fundamentalmente errado ou indigno de amor.

  • Exigência/Crítica Excessiva – autocrítica elevada e perfeccionismo, que geram frustração e sentimento de fracasso.

  • Privação Emocional – crença de que suas necessidades emocionais nunca serão atendidas.

Esses esquemas reforçam pensamentos negativos sobre si mesmo e o mundo, mantendo o ciclo depressivo ativo.

Na psicoterapia, o trabalho com esquemas busca:

  • Identificar os esquemas ativados

  • Compreender sua origem nas experiências de vida

  • Desenvolver novas formas de lidar com emoções e necessidades

  • Fortalecer modos saudáveis de funcionamento

O papel da psicoterapia no tratamento

A psicoterapia é uma das formas mais eficazes de tratar a depressão. Ela oferece um espaço seguro para que a pessoa possa:

  • Explorar pensamentos e emoções dolorosas

  • Compreender padrões de funcionamento que mantêm o sofrimento

  • Desenvolver novas estratégias de enfrentamento

  • Reconstruir a autoestima e o sentido de vida

Caminhos de recuperação e autocuidado

Além da psicoterapia e, quando necessário, do uso de medicação prescrita por um psiquiatra, algumas práticas podem ajudar na recuperação:

  • Manter uma rotina com horários regulares

  • Praticar atividades físicas leves

  • Cultivar vínculos afetivos e pedir apoio

  • Respeitar os próprios limites e evitar sobrecargas

  • Reduzir o consumo de álcool e outras substâncias

Lembre-se: A recuperação não acontece de forma linear e cada passo, por menor que pareça, é um avanço.

Conclusão

A depressão é uma condição séria, mas tratável. Buscar ajuda profissional não é sinal de fraqueza, mas de coragem e cuidado consigo mesmo. Com suporte adequado, é possível recuperar o bem-estar e reconstruir a esperança.

Se você ou alguém que conhece está passando por isso, saiba: você não está sozinho. A psicoterapia pode ser um caminho de acolhimento e transformação.