Distúrbios do Sono e a Psicoterapia: Um Olhar pela Teoria dos Esquemas


Dormir bem é essencial para a saúde mental, o equilíbrio emocional e o funcionamento do nosso corpo. No entanto, cada vez mais pessoas enfrentam dificuldades para adormecer, manter o sono ou acordam sentindo-se cansadas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 40% da população mundial apresenta algum tipo de distúrbio do sono, e o Brasil está entre os países com maior índice de queixas relacionadas à insônia.
Diante desse cenário, cresce a busca por psicoterapia como forma de compreender as causas emocionais e psicológicas por trás desses distúrbios. Uma abordagem que pode contribuir de forma especial é a Teoria dos Esquemas, desenvolvida por Jeffrey Young.
O que são distúrbios do sono?
Distúrbios do sono são alterações que prejudicam a quantidade e/ou a qualidade do sono, comprometendo o descanso e o bem-estar. Entre os mais comuns estão:
Insônia (dificuldade para dormir ou manter o sono)
Apneia do sono (interrupções na respiração durante o sono)
Síndrome das pernas inquietas
Distúrbios do ritmo circadiano
Sonolência excessiva diurna
Essas condições podem afetar a memória, o humor, a concentração e até aumentar o risco de transtornos mentais como ansiedade e depressão.
Como a psicoterapia pode ajudar
A psicoterapia auxilia a identificar e tratar fatores emocionais e comportamentais que contribuem para os distúrbios do sono. Alguns exemplos:
Redução da ansiedade e do estresse, que frequentemente dificultam o adormecer
Reestruturação de pensamentos negativos sobre o sono (“nunca consigo dormir”, “há algo errado comigo”)
Desenvolvimento de rotinas saudáveis de sono (higiene do sono)
Fortalecimento da autorregulação emocional
Além disso, a psicoterapia promove autoconhecimento, permitindo compreender o papel de experiências de vida, traumas e padrões emocionais na dificuldade de dormir.
A teoria dos esquemas e os distúrbios do sono
A Teoria dos Esquemas propõe que todos nós desenvolvemos, desde a infância, padrões emocionais profundos chamados esquemas. Alguns desses esquemas podem se ativar durante a noite e manter o cérebro em estado de alerta, dificultando o sono.
Exemplos de esquemas que podem contribuir para distúrbios do sono:
Vulnerabilidade ao dano ou doença — medo constante de que algo ruim aconteça, mantendo a mente em vigilância.
Abandono — medo intenso de perder pessoas importantes, que pode gerar ansiedade noturna e insônia.
Padrões inflexíveis — autocrítica elevada e necessidade de desempenho perfeito, que impedem o relaxamento antes de dormir.
Esquema de punição — pensamentos rígidos e auto repressivos que intensificam a tensão corporal e mental à noite.
Quando esses esquemas são ativados, é como se o cérebro interpretasse a noite como um momento de ameaça, não de descanso, o que sabota o sono.
Caminhos para o tratamento
Na psicoterapia baseada em esquemas, o trabalho envolve:
Identificar quais esquemas estão ativos
Reconhecer os gatilhos emocionais que surgem à noite
Desenvolver modos saudáveis (Adulto Saudável, Criança Feliz) que ajudem a acalmar e proteger a mente antes do sono
Praticar técnicas de autorregulação como relaxamento, mindfulness, respiração profunda e autocompaixão
Esse processo não apenas melhora o sono, mas também fortalece o equilíbrio emocional e a qualidade de vida como um todo.
Conclusão
Distúrbios do sono não são apenas um problema físico: muitas vezes, refletem emoções não processadas e esquemas emocionais profundos que permanecem ativos mesmo quando o corpo tenta descansar.
A psicoterapia, especialmente pela lente da teoria dos esquemas, pode ser um caminho transformador para compreender essas raízes, ressignificar experiências e recuperar o bem-estar do sono — e da vida.
Dormir bem não é luxo: é autocuidado, é saúde, é vida.
